segunda-feira, agosto 23, 2010

Quando os erros se acumulam...


Challenge Copenhagen - 15/Agosto/2010
3.8 Nat / 180 Cicl / 42.2 Cor - DNF


O editorial da recente Triathlete's World de Setembro, fala que nada substitui a experiência. Comigo, e ao final de 14 anos de provas de Ironman, posso dizer que a experiência apenas serve para se irem cometendo os mesmos erros vezes sem conta.
A preparação para Copenhaga, apesar de tardia posso considerar que foi a mais certa. Se até finais de Maio poucos kms tinha ainda nas pernas, os dois meses e meio que distanciaram a prova de Aveiro da de Copenhaga serviram essencialmente para colocar o corpo em condições da mais desafiante aventura que podemos ter na condição de triatleta. Uma pequena paragem apenas no Triatlo de Vila Viçosa, no meu primeiro Olímpico em seis anos, lá consegui a concentração suficiente para treinar os kms necessários para este Ironman.
Quando julgava que tudo estava feito, com treinos extraodinários de ciclismo e corrida, e a nadar ao nível de 1997/98 (os meus melhores anos), eis que em plena viagem cometo erros atrás de erros. Começa logo em Lisboa, numa escolha absurda de timing, com a viagem para Copenhaga no voo da noite de Sexta-feira. Uma estupidez, pois faço dessa sexta um dia absolutamente fatigante, que começa em Lisboa ao não conseguir lugar para o carro em nenhum dos parkings do aeroporto, e ter de deixar o carro numa rua dos Olivais, e ter de transportar a mala da bicicleta até ao embarque. Quando me deitei no minusculo e abafado quarto de hotel que escolhi meses antes, e que dividi com os colegas de aventura Sérgio Oliveira e Pedro Bento, já passava da Meia-noite.
No Sábado a coisa não correu melhor. Num dia que deviamos tirar para descansar, gasto-o todo num corropio, que começa com a montagem da bicicleta, ida ao local de levantamento de dorsais antes que encerre, e acaba com uma monumental molha à hora tardia em que entreguei a bicicleta na 1ª transição, e que apenas aconteceu porque em vez de ir logo à 14h entregar a mesma (como estava no regulamento para o meu dorsal), faço a mesma quase às 18h, num fim de tarde e noite em que se abateu em Copenhaga um autêntico dilúvio (a organização ainda pensou cancelar a prova!!!).
Como a desgraça ainda não tinha acabado, e depois de passar 3 horas na véspera da prova metido em roupa encharcada, acabo por desenrrascar um jantar trazido de uma Junk Food, e chegamos à conclusão que afinal o hotel não vai abrir as portas do pequeno almoço mais cedo, deixando-nos "apeados".
O dia da prova, numa noite quente e húmida, que quase não me deixou dormir, acordando várias vezes "enssopado" em suor, começa bem: sem pequeno almoço - lá arranjei uma sandes, um sumo e uma banana (!!) -, e desidratado da noite anterior. Como se não bastasse, perco (juntamente com algumas dezenas de atletas) uma ligação do metro com a zona de partida, e quando ai chego tenho apenas 40 minutos para preparar a mesma, e faço tudo a correr...
A natação não me corre nada mal, apesar do erro organizativo de colocar todas as mulheres na 2ª saída, o que atrasou o ritmo de quem saiu comigo na terceira, e que muitas ultrapassagens teve que fazer. Com 58.30, acabei por não estar mal, e quando peguei na bicicleta praguejei mais uma vez, pois tinha voltado a chuva, e as estradas já estavam outra vez ensopadas. O ciclismo corre no entanto muito bem, como aliás já estava à espera, e as 5.38 apenas pecam por ter tido de tirar o pé do acelarador com medo de um estoiro monumental. Quando começo a correr, tenho a melhor sensação até hoje num Ironman, com o corpo a desenvolver logo num bom ritmo, e a energia a entrar bem no estomago a cada passagem nas aid-stations. A meio da prova, e apesar de ter ido ao "grego" aos 17km, ainda vou em ritmo de 10h30m, mas os kms seguintes são o começo do fim. Esse fim deu-se já perto dos trinta, na última das três voltas de corrida, e acabou na tenda médica com dois litros de soro, em mais um dia miserável.

Uma prova tão longa e tudo acaba tão depressa...